O jornalismo salva vidas

Texto de Gabriel Amora, repórter de política, pós-graduado em Escrita e Criação, e crítico de cinema
Compartilhar
Na obra El lector, o cansaço de quem faz jornalismo / Imagem: F. Hodler

A vida já é uma correria maluca… mas sempre tem espaço para uma nova aventura. Com isso em mente, cansado de dar voz aos parlamentares de Fortaleza, comecei a refletir sobre como a cultura se conecta com a nossa política local. O que pensam os nossos representantes sobre as artes que movimentam a Capital cearense?

Enquanto essas ideias ferviam na minha cabeça, e alguns goles de cerveja deslizavam pela minha garganta, confesso que foi ali que surgiu o embrião do portal Veredas. Muitas conversas, encontros, madrugadas sem dormir, até que em janeiro de 2025, o primeiro texto do site foi ao ar. Muito se deve à equipe de diretores, composta por Bruno Bressam, Gabrielle de Castro e Letícia Serpa.

Foram meses de trabalho. Consequentemente, tivemos reuniões sem fim, agendas prolongadas, orçamentos apertados, picos de ansiedade, inseguranças, dúvidas, adrenalina… Mas, ei, o Veredas nasceu! E, embora tenha levado muito soco no estômago, sinto que venci um round. Claro, ainda não é o último, apenas o primeiro.

Dito isso, é preciso voltar no tempo, mais precisamente para o ano em que entrei para a faculdade de jornalismo. Na época, me encantei por tudo o que o impresso representava, com sua plataforma quase anacrônica de se levar informações ao povo. Trabalhei em uma redação por muitos anos e acumulei muitas decepções. Ontem, domingo, 9, por exemplo, em um shopping, encontrei a maior causadora de muitos dos meus traumas: uma editora. Curioso pensar que quase desisti do curso e profissão por causa daquela mulher. Passei direto e não nos falamos, obviamente.

Pois bem, o sonho de todo estudante é entrar em uma redação, e foi uma emoção tremenda quando consegui, mas parecia que eu estava dentro de um filme de terror, daqueles em que o protagonista só se fode. Enfim, agora, com o Veredas, estamos na batalha contra aquele mesmo jornal em que trabalhei.

E que fique claro: não desejo mal à essa redação e seus funcionários, pelo contrário, espero que durem mais de 100 anos. Lembro até que escutei, em 2018, que a ideia era comemorar o centenário e encerrar a versão impressa. Que besteira, eles precisam continuar. Até porque não há motivo para comemorar quando um meio de comunicação morre.

Entenda dessa forma: quando uma redação encerra seus trabalhos, ora, todos nós perdemos. Jornalistas e leitores, para começar. Em seguida, faxineiros, fotógrafos, designers, ilustradores. Motoristas, secretários, patrocinadores, a classe alta, média e baixa… enfim, a lista é gigante. A sociedade, de modo geral, perde. Perde pra caralho. Até porque ela fica um pouco mais vulnerável, sem a proteção essencial da imprensa, que tem a árdua missão de fiscalizar e denunciar, quando preciso, o poder público e as autoridades que controlam o nosso país.

Portanto, não diminua ou subestime o trabalho do seu colega jornalista. O que fazemos não é simples. Além de ser exaustivo, por ser uma atividade constante, é uma enorme responsabilidade fornecer informações precisas e de qualidade para um grupo de pessoas que, muitas vezes sem perceber, busca compreender a si mesmo. O jornalismo, por meio dos fatos, preserva o que há de bom e ruim no presente, para que, quando esse presente se tornar passado, possamos entender o futuro.

Logo, sou um grande admirador do Veredas. E digo mais: estamos no páreo contra essa redação que dura há quase dez décadas. Reforço que torço pelo nosso concorrente, até porque eles possuem a experiência e o bom histórico. Consequentemente, queremos, sim, ser aliados.

Lado a lado, quem sabe, conseguimos extinguir essa desconfiança tosca contra os profissionais da área. Por isso, jornalistas do mundo, uni-vos. O Veredas está entre nós. E que ele tenha vida longa e próspera. Amém.

Acompanhe o Veredas nas redes sociais e fique por dentro de tudo!

ASSUNTOS

Publicidade

Mais lidas

Publicidade