
A disputa pelo Oscar 2025 de Melhor Filme Animado está mais acirrada do que nunca. Flow, da Letônia, se destaca ao competir tanto na categoria de animação quanto na internacional. Robô Selvagem, por sua vez, vem ganhando elogios em sites especializados, conquistando tanto a crítica quanto o público. Já Divertida Mente 2, com um Oscar em sua franquia, domina as estratégias de marketing e é, provavelmente, o produto mais assistido de toda a lista. E, por último, mas não menos importante, temos Wallace & Gromit 2, a tão aguardada sequência do clássico do estúdio Aardman, que chega 20 anos após o lançamento do original.
Felizmente, a continuação se mostra uma belíssima adição à série de longas e curtas da dupla. Com cores mais quentes do que os outros trabalhos da Casa, Wallace & Gromit: Avengança mantém o espírito das aventuras anteriores. Ou seja, como de costume, Wallace se mete em encrenca e é Gromit quem precisa consertar a situação. A fórmula da franquia se consolidou assim, e o diretor Nick Park opta por não alterá-la.
No entanto, o filme atualiza a narrativa ao abordar temas mais contemporâneos. De forma inesperada, há uma crítica sutil, similar à do último Missão Impossível, sobre o uso da inteligência artificial no cotidiano. Inicialmente benéfica, a IA se revela traiçoeira com o tempo, sendo usada contra a própria população. Voltado para crianças, Wallace & Gromit apresenta esses comentários de maneira didática e educativa, sem obviedades.

Além disso, assim como em seu primeiro trabalho, Creature Comforts, Nick Park usa a prisão dos animais – os zoológicos – para retratar um lugar sujo e explorador. É, então, gratificante ver o antagonista, que já havia aparecido em um dos curtas da franquia, escapar desse ambiente. Embora a emoção não seja tão intensa quanto em A Fuga das Galinhas, a verdadeira surpresa está na personalidade do personagem, que conquista facilmente a simpatia do público com seu carisma.
Dito isso, mais uma vez, tanto o herói quanto o antagonista, dois personagens mudos, surpreendentemente, expressam mais emoção que muitos atores (de carne e osso) renomados. Consequentemente, a fotografia, com planos abertos e fechados, e a iluminação que cria sombras, são fundamentais para construir esses ícones que não se manifestam com palavras. Gerar simpatia, medo e torcida por personagens que não falam é um desafio que o estúdio Aardman, inacreditavelmente, domina com maestria.
Melhor que A Fuga das Galinhas 2, Wallace & Gromit 2 expande o universo desses personagens, que estão prontos para uma possível terceira parte. Independentemente de Oscar, que Nick Park não demore mais 20 anos para isso.