Nossa democracia tira onda dos EUA, diz Wagner Moura, que retorna aos palcos

O ator Wagner Moura em Cannes / Foto: Folhapress

Wagner Moura tem sido alvo de críticas em três frentes distintas, mas responde com firmeza nas mais variadas frentes de atuação: política real, cinema e teatro. Deputados bolsonaristas pedem sua investigação pelo governo dos Estados Unidos no contexto das sanções feitas por Donald Trump. No cinema, Moura protagoniza O Agente Secreto, onde se envolve em conflito com empresários e policiais. No teatro, retorna após 16 anos com a peça Um Julgamento, dirigida por Christiane Jatahy.

Em Um Julgamento, Moura interpreta Thomas Stockmann, personagem originalmente de Um Inimigo do Povo, de Henrik Ibsen, que denunciou contaminação da água de um balneário vital para sua comunidade. Nesta nova versão, escrita por Moura, Jatahy e Lucas Paraizo, o público verá como seria a defesa do personagem em tribunal anos depois. Moura afirma que buscar trazer sua experiência pessoal para o papel ajuda a dar veracidade à interpretação: “Você dá verdade aos personagens quando puxa eles para você…”.

Sobre as acusações políticas, o ator chama de “ridícula” a iniciativa de bolsonaristas. Para ele, essas críticas refletem uma postura “vira-lata” e “colonizada”, e vão contra aquilo que a direita costuma pregar sobre liberdade de expressão, argumento, segundo Moura, usado por alguns para disfarçar discursos de ódio. “Se forem me investigar, eu estou de boa”, afirma.

Embora resida nos Estados Unidos, Moura voltou ao Brasil para as temporadas de Um Julgamento em Salvador e no Rio de Janeiro. É sua primeira peça desde Hamlet (2009). No cinema e na TV, o ator acumulou papéis de destaque: Elysium (2013), a série Narcos (2015), o filme Guerra Civil (2024) e, este ano, o prêmio de atuação no Festival de Cannes por O Agente Secreto. Ele também tem sido cotado pela imprensa internacional, como a revista Variety, para indicações ao Oscar, reconhecimento que recebe com cautela.

Na mesma entrevista, Moura comentou sobre o momento da democracia no Brasil. O ator declarou que o país vive seu melhor momento democrático, comparando a situação brasileira com a norte-americana: “Estamos tirando onda dos americanos”. Mesmo com críticas explícitas, Moura sustenta que a democracia vai além de discursos políticos e defende que o colapso da verdade representa uma ameaça real: “O discurso do meu personagem é sobre democracia, mas mais do que isso, sobre a verdade, sobre como o ocaso da verdade mina a democracia.”

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