Qual a sua resolução de ano novo? Emagrecer? Estudar? Um emprego novo, quem sabe? Atualmente eu quero estar presente, digo, no tempo presente. Vivemos em uma era de ansiedade que nos impulsiona a sempre estar pensando à frente… qual o próximo livro? Que livro? Nem terminei aquele que eu comprei semana passada… a série que não tive tempo de maratonar, aliás, maratonar? Realmente temos necessidade de assistir todos episódios seguidos até terminar uma série?
Calma, gente! O mundo não vai acabar (pelo menos não agora!). Segundo Byung-Chul Han, em seu livro “Sociedade do Cansaço”, a sociedade disciplinar e repressora do século XX descrita por Michel Foucault perde espaço para uma nova forma de organização coercitiva: a violência neuronal.
As pessoas se cobram cada vez mais para apresentar resultados, tornando elas mesmas vigilantes e carrascas de suas ações.
Já se perguntou qual o ultimo filme você assistiu? Lembra da história dele? Saberia contar em detalhes a série que assistiu? E aquele jantar? Lembra do sabor da comida? O momento, do encontro? Nos cobramos por uma pressão de performance social, ao passo que não podemos nos dar ao luxo do ócio, de vivenciar e experienciar os momentos por completo sem se preocupar em gerar conteúdo, de postar stories, de prestar contas ao nosso novo padrão social que está imposto.
Eu, esse ano resolvi que quero fazer diferente, não estipulei metas, não espero que nada de extraordinário aconteça, aliás, quero, sim, ver o extraordinário na minha rotina. No primeiro capítulo, quero curtir uma boa e longa jornada, afinal de contas, a vida não é um fast food.