Fortaleza Amada debate literatura e história

Saiba todos os detalhes do evento
Participantes da mesa de abertura, da esquerda para a direita: Juliana Diniz, vice-diretora da Editora UFC; Evandro Leitão, prefeito de Fortaleza; Custódio Almeida, reitor da UFC; Cavalcante Júnior, diretor da Editora UFC; e o escritor Lira Neto / Foto: Ribamar Neto/UFC

A programação especial Fortaleza Amada, realizada pela Editora UFC na última terça-feira, 4, no auditório da Reitoria da Universidade Federal do Ceará (UFC), promoveu uma potente reflexão sobre memória, identidade, cidade e literatura.

O evento, que contou com importantes reflexões, também celebrou o lançamento do livro Fortaleza, poéticas do passado – antologia e o edital Fortaleza Amada. A ocasião reuniu gestores da UFC, o prefeito de Fortaleza, Evandro Leitão, vereadores, representantes de órgãos municipais, escritores, professores e o público em geral.

Um dos momentos mais aguardados foi a participação do escritor e jornalista Lira Neto, que além de discutir de maneira contundente a relação entre literatura, memória e história, anunciou duas novidades. A primeira foi a confirmação da entrega da biografia da UFC, obra escrita por ele, que será publicada em breve. Encomendada pela atual gestão da Universidade, a biografia celebra os 70 anos da UFC, comemorados em 2024.

O segundo anúncio foi sobre o projeto subsequente que Lira já está desenvolvendo, a biografia de Fortaleza, prevista para lançamento em 2026. O escritor revelou que aceitou o convite do reitor Custódio Almeida para a elaboração dessa obra, brincando: “Saí de Fortaleza, mas ela nunca saiu de mim”.

Ele também comentou sobre a importância de contar a história da UFC, reconhecendo que, além dos momentos de sabedoria e conhecimento, houve também episódios de violência, tanto simbólica quanto física, que não podem ser ignorados.

Lira defende que momentos reprováveis devem ser tratados de forma honesta, ao lado das histórias virtuosas, para que a escrita do passado não caia em um saudosismo que paralisa, mas sim incentive uma reflexão crítica no presente.

Tanto na biografia da UFC quanto na de Fortaleza, Lira destaca a construção de uma narrativa polifônica, com diferentes vozes e perspectivas. Ele enfatizou que ninguém é o “dono” da história. Além disso, em 2026, a UFC também sediará um encontro internacional de biografias de cidades e de pessoas, sob curadoria de Lira, que pode ocorrer no Espaço Cultural Bergson Gurjão Farias, na Reitoria.

Em sua breve fala de abertura, o prefeito Evandro destacou a importância de enfrentar os problemas e desafios de Fortaleza. “É preciso fazer um resgate dessa cidade amada, com seus abismos sociais e muitas vezes desamparada, onde gestores não olham para quem mais precisa e não dão visibilidade aos que necessitam de políticas públicas”, afirmou.

Outra foto dos bastidores do evento, antes de Evandro fazer seu discurso e discutir a história de Fortaleza com o público presente / Foto: Instagram Evandro Leitão

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A noite também foi marcada pelo lançamento da Fortaleza, poéticas do passado – antologia, organizada pelo professor Francisco Silva Cavalcante Júnior, diretor da Editora UFC. A obra reúne 52 textos de 27 autores cearenses (ou que viveram grande parte da vida no estado), de diferentes gerações, apresentando aspectos da história e da cultura da Fortaleza antiga.

O trabalho incluiu uma pesquisa detalhada em textos históricos, geográficos, literários e ensaísticos publicados pela Editora UFC ao longo de seus 45 anos. Cavalcante Júnior explicou que o processo envolveu a digitalização de textos para atualização ortográfica.

Lira Neto elogiou a seleção de textos, destacando a presença de grandes nomes da literatura cearense como Airton Monte, Milton Dias, Moreira Campos, Francisco Carvalho e Herman Lima. Para ele, a antologia é uma verdadeira preciosidade, refletindo diferentes temporalidades e estilos de escritores.

Os livros

Fortaleza, poéticas do passado é o primeiro volume da coleção Fortaleza 300 Anos, idealizada pela Editora UFC em homenagem ao tricentenário da cidade. Em seguida, um segundo volume está sendo planejado, voltado para as poéticas do presente, com o lançamento do edital Fortaleza Amada, que convida qualquer pessoa interessada a escrever sobre seu amor por Fortaleza, no formato de crônica. O objetivo é criar uma coletânea que será lançada em 2026, no aniversário da cidade.

A participação no edital é aberta ao público em geral, sem exigência de perfil ou formação específica. Os textos serão recebidos entre 1º e 30 de abril de 2025, com o resultado sendo divulgado até 31 de julho do mesmo ano. O edital define que até 300 crônicas serão selecionadas.

Lira Neto alertou sobre os desafios ao se olhar para o passado, enfatizando que a memória é sempre um território em disputa. “O olhar sobre o passado não deve tentar reconstituí-lo ou idealizá-lo, mas sim abordá-lo de forma crítica”, afirmou.

O evento prosseguiu com uma mesa redonda, na qual, além de Lira Neto, Custódio Almeida e Francisco Cavalcante Júnior, também participaram o escritor cearense Flávio Paiva. Flávio fez uma análise pungente sobre a relação da cidade com a memória e a cultura, destacando que os dois primeiros livros da coleção Fortaleza 300 Anos oferecerão uma oportunidade única para refletir sobre as mudanças e transformações na relação dos autores com sua cidade, além das evoluções nas perspectivas e poéticas.

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