Ney Matogrosso dispensa apresentações, mas Homem com H revela a história por trás da lenda. Com uma trajetória já marcada na música brasileira, Ney ganha uma biografia à altura de seu legado — irreverente, intensa e hipnotizante. Dirigido por Esmir Filho, o filme estreia nos cinemas em 1º de maio, uma ótima pedida para o feriado e uma oportunidade de mergulhar na vida e na obra de um artista que revolucionou a música mundial.

Filho, na ocasião, também assina o roteiro que nos apresenta o pequeno Ney de Souza Pereira (nome real do artista), retratando sua infância marcada pela violência de um pai militar, o seu auge na fama e até um vislumbre do Ney de hoje. Pode parecer muita história para se contar em apenas 130 minutos, mas a combinação do ritmo envolvente da montagem com o roteiro bem amarrado narra toda uma vida de forma excepcional. Uma escolha acertada, que cativa o público sem deixar pontas soltas e, ao mesmo tempo, mantendo respeito com a vida e o legado do artista.

Lembro que, antes mesmo de seu lançamento, vi diversas comparações na internet apontando possíveis semelhanças com Rocketman, filme lançado em 2019. Posso afirmar que essa comparação não poderia estar mais equivocada. Assim como a carreira de Ney Matogrosso, Homem com H possui um olhar único: é lúdico, mágico e, ao mesmo tempo, profundamente sensível. O longa não é um produto importado nem simplesmente fabricado: é repleto de brasilidade, de gingado, e possui luz própria – brilha sozinho e brilha ao público.

Em tempos de intolerância, Homem com H nos lembra que o simples ato de existir fora dos padrões já é um modo de resistência. Ney rompe barreiras até hoje, não cedeu para nenhum governo autoritário (de relacionamentos a ditaduras). Uma liberdade que inspira e que chega aos cinemas levando ao público não apenas a trajetória da estrela Ney Matogrosso, mas um manifesto vivo de arte e revolução através do ser que se é.