
O filme brasileiro Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, conquistou o Prêmio Goya 2025, na categoria de Melhor Filme Ibero-Americano. Este prêmio é considerado a mais importante distinção do cinema espanhol.
É a primeira vez que uma produção brasileira é indicada e vence nessa categoria. Na 39ª edição do Goya, Ainda Estou Aqui competiu com outros quatro filmes: El jockey, da Argentina; Agárrame fuerte, do Uruguai; No lugar da outra, do Chile; e Memorias de un cuerpo que arde, da Costa Rica.
Durante a cerimônia, o diretor Walter Salles agradeceu, por meio de uma carta lida ao receber o troféu, à academia de cinema espanhola e destacou que esta é a primeira vez que um filme brasileiro é indicado e premiado em uma categoria do Goya.

“Ainda Estou Aqui é um filme sobre a memória de uma família, na longa noite da ditadura militar no Brasil, entrelaçada com a memória do meu país. Dedico esse prêmio ao cinema brasileiro, a Eunice Paiva e toda a sua família, a Fernanda Montenegro e Fernanda Torres”, afirmou Salles em sua mensagem.
Em janeiro, a atriz Fernanda Torres foi premiada com o Globo de Ouro em Los Angeles, na categoria Melhor Atriz de Drama, por sua atuação. Esse foi o primeiro Globo de Ouro concedido a uma brasileira.
Além disso, Ainda Estou Aqui foi indicado a três categorias do Oscar 2025: Melhor Filme, Melhor Filme Estrangeiro, e Fernanda Torres foi nomeada na categoria de Melhor Atriz. A cerimônia do Oscar ocorrerá em 2 de março, também em Los Angeles.
Ainda Estou Aqui
Ainda Estou Aqui é um drama brasileiro baseado no livro autobiográfico de Marcelo Rubens Paiva. O filme narra a história de sua mãe, a advogada e ativista pelos direitos humanos Eunice Paiva, durante a ditadura militar no Brasil. O papel de Eunice, que faleceu em 2018, é interpretado por Fernanda Torres.
O enredo foca na luta pela democracia, resistência à opressão, força feminina, busca por desaparecidos políticos e a importância da memória, centrando-se no desaparecimento de Rubens Paiva, ex-deputado federal, em 1971. Interpretado por Selton Mello, Paiva foi torturado e assassinado após ter seus direitos políticos cassados pelo golpe militar de 1964. Seu corpo nunca foi encontrado.
Em 1996, o atestado de óbito de Rubens Paiva foi emitido. Somente em 2025, a certidão de óbito foi corrigida para indicar que sua morte ocorreu devido à ação de agentes do Estado durante a ditadura militar.