
Familiares e amigos se reuniram na Academia Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro, para o velório de Cacá Diegues, cineasta e acadêmico que faleceu aos 84 anos, na sexta-feira, 14, devido a complicações decorrentes de uma cirurgia. Ele será cremado no Cemitério do Caju. Cacá deixa sua esposa, três filhos (com a caçula Flora Diegues falecida em 2019) e quatro netos.
A importância de Cacá para a cultura brasileira foi destacada por muitos. “Ele teve um papel fundamental em promover e criar uma cultura original e alegre para o Brasil. Cacá sempre dizia ‘não adianta democracia sem oportunidade’. Ele não foi apenas um grande artista, mas também um grande pensador da nossa cultura. Até o fim, ele filmou, escreveu e editou. Temos um filme inédito dele prestes a ser lançado”, afirmou uma das pessoas próximas.
A cineasta e roteirista Carla Camurati, que destacou a genialidade de Cacá, também ressaltou sua personalidade extraordinária. “Ele foi um dos maiores cineastas do país. Seu legado não se resume aos filmes, mas também à forma única como ele enxergava o Brasil, com profundidade, magia e muita alegria”, comentou.

A trajetória de Cacá Diegues
Nascido em Maceió no dia 19 de maio de 1940, Cacá Diegues foi um dos precursores do Cinema Novo, movimento que revolucionou o cinema brasileiro.
Mudou-se para o Rio de Janeiro aos seis anos e iniciou sua carreira no cinema enquanto estudante na PUC-Rio, onde fundou um cineclube que viria a ser um dos núcleos do movimento.
Inspirado pelo neorrealismo italiano e pela Nouvelle Vague francesa, o Cinema Novo fez duras críticas ao contexto político e social do Brasil, especialmente durante a ditadura militar.
Alguns dos destaques de sua carreira no Cinema Novo incluem “Ganga Zumba” (1964), “A Grande Cidade” (1966) e “Os Herdeiros” (1969).
Após viver na Europa devido à resistência contra a ditadura, retornou ao Brasil nos anos 70 e seguiu sua carreira com filmes como “Quando o Carnaval Chegar” (1972), “Joanna Francesa” (1973), “Xica da Silva” (1976), “Chuvas de Verão” (1978) e “Bye Bye, Brasil” (1980).
Nos anos 90, Cacá foi crucial para a retomada do cinema nacional, com lançamentos como “Tieta do Agreste” (1996), “Orfeu” (1999) e “Deus é Brasileiro” (2002). Seu último trabalho como diretor foi “O Grande Circo Místico” (2018).
Durante sua carreira, Cacá conquistou prêmios em diversos festivais, tanto no Brasil quanto no exterior. Em 2018, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, ocupando a vaga deixada por Nelson Pereira dos Santos.