
Desde a sua estreia na Broadway, há mais de duas décadas, Wicked se consolidou como um fenômeno cultural. Por isso a aguardada adaptação cinematográfica chegou nos cinemas no ano passado carregando grandes expectativas. Felizmente o longa entrega um espetáculo visualmente deslumbrante, emocionante e que faz jus ao legado da obra original.
Com Cynthia Erivo vivendo a Elphaba e Ariana Grande no papel da carismática Glinda, o longa, dirigido por Jon M. Chu, narra a amizade improvável entre as duas bruxas de Oz em uma jornada de escolhas, magia e autodescoberta. Claro que todo o enredo é embalado por músicas icônicas escritas por Stephen Schwartz que tem em seu currículo musicais clássicos como Godspell (1971), Pocahontas (1995) e Corcunda de Notre Dame (1996).
Nesse contexto, Wicked (o filme) é – na verdade – a adaptação de uma adaptação. Enquanto o musical da Broadway é inspirado no livro homônimo de Gregory Maguire, o longa traz a magia do teatro para as telonas e Chu faz isso com maestria. Os números musicais aproveitam as possibilidades do formato cinematográfico para expandir o poder da obra sem descaracterizá-la, mas também sem virar uma cópia de cada detalhe do que o teatro já havia feito, criando uma personalidade própria.

Mas, provavelmente, uma das escolhas mais acertadas do filme é o elenco. Além do inegável talento, o duo formado por Cynthia Erivo e Ariana Grande é a peça que encaixa o filme por completo. Não é fácil calçar os sapatos (de rubi) que um dia foram de Indina Menzel e de Kristin Chenoweth – nossas Elphaba e Glinda originais da Broadway – mas Cynthia e Ariana incorporam seus papéis de uma maneira singular, com uma química genuína que nasceu entre ambas e é evidenciada mesmo nos momentos fora de cena como é possível ver em várias entrevistas e publicações nas redes sociais.
Além da grandiosidade visual e musical, a nova versão de Wicked traz então um outro olhar para as terras de Oz, captando um aspecto mais íntimo e que desenvolve melhor a narrativa. O longa, que cobre apenas o primeiro ato da Broadway, tem um tempo de duração quase equivalente ao espetáculo inteiro. Esse “tempo extra” permite explorar mais o relacionamento de Elphaba e Glinda, personagens como Fiyero e Nessarose ganharam mais desenvolvimento e o universo de Oz se abre para mais detalhes. A adaptação também enfatiza as camadas políticas e sociais da história, enriquecendo o trabalho como um todo.
Com um impacto que já se pode sentir na temporada de premiações, Wicked reafirma o seus status de fenômeno cultural. O filme emociona com seus visuais e trilha inesquecível, encantando mesmo os menos adeptos ao gênero através de uma magia digna das bruxas de Oz. E esse é só o começo! A sequência já deve chegar aos cinemas em novembro de 2025 e se chamará Wicked For Good. O título faz uma referência ao dueto cantado por Elphaba e Glinda no Ato 2 e a continuação promete responder a pergunta que ecoa desde o começo do primeiro filme: As pessoas nascem más ou a têm a maldade lançada sobre elas?