Joseph Kosinski aposta na velocidade e na montagem para suprir a falta de drama em F1

O diretor busca a mesma receita de Top Gun: Maverick
Brad Pitt protagoniza o filme / Foto: Divulgação

Em Top Gun: Maverick (2022), Joseph Kosinski já demonstrava habilidade em cenas que unem velocidade, ritmo de montagem e uma abordagem grandiosa aos protagonistas — naquele caso, Tom Cruise. Agora, com Cruise na produção, Kosinski aplica a mesma fórmula em Fórmula 1, desta vez ao lado de Brad Pitt, outra lenda de Hollywood, aproveitando a conexão natural do público com o ator.

Produzido por Pitt, Cruise e o heptacampeão da Fórmula 1 Lewis Hamilton, o novo longa acompanha Sonny Hayes (Pitt), um ex-piloto lendário que volta às pistas para orientar o novato Joshua Pearce (Damson Idris) na fictícia equipe Apex GP.

Com o objetivo de levar a escuderia ao topo, Sonny aposta numa estratégia ousada que exige não só sua habilidade ao volante, mas o apoio da equipe técnica e de nomes influentes do esporte.

Filmado durante o GP da Inglaterra, o longa inclui participações de pilotos reais, reforçando a ideia de que a Fórmula 1 vai além dos circuitos — envolve paixão, política e precisão.

A narrativa é simples e direta, mas Kosinski foca no que realmente importa: carros, velocidade e edição. Mesmo com quase três horas de duração, o filme não se arrasta — mérito do montador Stephen Mirrione (colaborador frequente de Soderbergh e de Pitt em Onze Homens e um Segredo), que constrói cada volta com tensão e ritmo, agradando tanto os fãs quanto quem mal conhece o universo da F1.

A proposta parece clara: apresentar o esporte a novos públicos. À primeira vista, isso poderia soar como uma jogada comercial vazia, mas Kosinski transforma o filme numa experiência sensorial. Com imagens imersivas e um desenho de som envolvente, é fácil se sentir dentro do carro, com o vento no rosto.

Embora o roteiro careça de força dramática, Pitt sustenta o filme, servindo como âncora emocional em meio à ação — mesmo quando algumas cenas beiram o exagero publicitário digno de intervalo do Super Bowl.

O diretor constrói o personagem de Pitt como um mosaico de papéis icônicos do ator: há ecos de Cliff Booth (Era Uma Vez em… Hollywood) e Rusty Ryan (Ocean’s), além de referências sutis à vida real do astro — seus arrependimentos e escândalos bem gerenciados pela equipe de relações públicas. No contexto do filme, tudo isso funciona.

No fim das contas, parece mais uma tentativa de Tom Cruise de reavivar o “cinema-evento”, fora do eixo dos super-heróis, apostando que filmes com grandes estrelas e produções robustas ainda têm fôlego para encher salas. E se essa for a proposta, com esse nível de energia e espetáculo, estarei na primeira fila para o que vier a seguir.

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