Neymar e o Santos, um reencontro com a eternidade

Texto de Lucas Paiva, Mestre em Comunicação e jornalista com experiência em metodologia de pesquisa
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“Preparem-se, amigos, pois o palco está montado, as cortinas prestes a se abrir” / Foto: Jimmy Baikovicius

Leitor amigo, estreio minha coluna com um tema que não planejei escrever. Acredite, o assunto que traria hoje seria diferente, talvez mais sisudo, mas, o futebol é a coisa mais importante dentre as coisas menos importantes, o que não me deixou ignorar esta notícia: A volta de Neymar ao Santos chegou como um milagre.

Não um milagre qualquer, desses anunciados com pompa e fanfarra, mas um milagre de essência rodriguiana: Inesperado, carregado de emoção e, acima de tudo, profundamente humano. Sim, o menino da Vila retorna ao lar, ao palco onde outrora desafiou os deuses do futebol e inscreveu seu nome nas páginas douradas da história. E quem não se emociona com esse reencontro? É como se Pelé, o eterno rei, sorrisse lá de cima, abençoando seu sucessor.

Neymar não volta apenas ao Santos. Ele retorna ao Brasil, ao coração pulsante de um povo que respira futebol como quem respira a vida. O menino que encantou o mundo em 2011 com dribles que desafiam as leis da física, o mesmo que fez torcedores adversários aplaudirem de pé, está de volta ao clube que não é apenas um time, mas uma instituição da alma brasileira.

Nelson Rodrigues, se me permitem emprestar suas palavras, diria que Neymar não é um jogador, mas uma personagem shakespeariana. É Hamlet com a bola nos pés, carregando dúvidas existenciais, polêmicas, amores e ódios. Há quem o critique, quem diga que o menino Neymar, agora adulto Neymar, já se perdeu no luxo da Europa e das terras árabes. Mas o torcedor santista, esse eterno apaixonado, sabe que a essência do camisa 10 ainda vive. E vive onde sempre esteve: Na Vila Belmiro.

Imaginem, caros leitores, a Vila novamente cheia, pulsando como um coração descompassado. Crianças nas arquibancadas olhando para Neymar como quem vê um super-herói em carne e osso. Pais sussurrando aos filhos: “Agora você verá o Neymar.” E o menino da Vila, vestindo a camisa branca que parece feita de poesia, pronto para fazer mágica outra vez.

Mas sejamos honestos: este retorno não é só sobre futebol. É sobre redenção. Neymar volta ao Santos como o filho pródigo, aquele que, depois de percorrer o mundo, percebe que sua verdadeira casa nunca deixou de esperá-lo. É sobre raízes, sobre amor, sobre a compreensão de que, no futebol e na vida, é preciso voltar às origens para reencontrar a plenitude.

Ao imaginar Neymar novamente conduzindo o Santos, lembro-me de uma frase de Nelson Rodrigues: “Sem a loucura, que é o homem mais do que a besta sadia, cadáver adiado que procria?” Pois Neymar é a loucura necessária, o delírio coletivo de um povo que não apenas quer vencer, mas quer sonhar. E o Santos, com Neymar, não é um time, mas uma epopeia viva, uma tragédia grega em chuteiras.

Preparem-se, amigos, pois o palco está montado, as cortinas prestes a se abrir. Neymar volta ao Santos como um artista ao seu teatro. E nós, humildes mortais, somos os privilegiados espectadores dessa obra-prima. Que venha o espetáculo, que volte a magia. Porque, como diriam os mais experientes, “só o Santos é capaz de devolver ao futebol a sua infância perdida.”

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