
Odair José é, sem dúvida alguma, uma figura singular. Na 49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, após a sessão de Vou Tirar Você Desse Lugar, documentário sobre sua trajetória, ele subiu ao palco, brincou com o público e ainda cantou, irradiando seu carisma inconfundível.
O problema é que o registro do filme se apoia quase que exclusivamente nessa energia, transformando suas histórias em centro absoluto, enquanto estética, montagem e movimentação de câmera ficam em segundo plano.
A narrativa percorre a carreira do artista dos anos 1970 até hoje, abordando temas como ditadura militar, fanatismo religioso e liberdade sexual, sempre presentes em sua vida.

No entanto, a direção de Dandara Ferreira exagera nos planos e contra planos, criando a impressão de improviso e falta de planejamento.
Para piorar, o trabalho técnico compromete a experiência. A iluminação oscila de forma abrupta, com cenas estouradas ou subexpostas, como se erros de gravação tivessem sido mantidos.
O enquadramento é desigual, o texto repete ideias, o formato parece amador. Equipamentos entram na cena, a câmera se move sem propósito e, no conjunto, pouca coisa funciona.
No fim, Vou Tirar Você Desse Lugar diverte e tem momentos encantadores, mas desperdiça a chance de explorar a riqueza de Odair José.
Uma trajetória intensa e cheia de vida que, infelizmente, não atinge seu pleno potencial devido à condução irregular.
Filme visto na cobertura da 49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo












