
Vivemos um momento de transição, onde as fronteiras da comunicação se redesenham diante de nossos olhos, e a velha mídia, com sua estrutura monolítica e pautada pela rigidez dos meios tradicionais, se vê desafiada pela nova mídia, que, à base de inovações digitais e agilidade, se propõe a democratizar e descentralizar o poder da informação.
Hoje, a influência alia-se à credibilidade, muitas vezes, sobrepondo-a. A era da internet e das redes sociais não apenas transformou a maneira como nos comunicamos, mas também a forma como consumimos, entendemos e interagimos com o conteúdo. E é sobre esse novo paradigma que falaremos.
A mídia tradicional, representada principalmente pela televisão, rádio e imprensa escrita, foi por muito tempo a principal responsável por formar opinião e estabelecer os parâmetros da informação pública. Ela era centralizadora, controlada por grandes conglomerados, e seus gatekeepers — jornalistas, editores, e veículos de mídia — eram, em grande parte, os responsáveis por decidir o que seria compartilhado com o público.

Essa forma de comunicação, ainda bastante respeitada e influente, apresenta a grande virtude da curadoria de conteúdo e da credibilidade atribuída ao filtro jornalístico. No entanto, com o avanço da digitalização e a crescente presença das redes sociais, a nova mídia surge para quebrar esses padrões estabelecidos.
A nova mídia, por sua vez, baseia-se na interatividade e na produção descentralizada de conteúdo. As redes sociais, como Instagram, X e, claro, o YouTube, proporcionaram um espaço para que qualquer indivíduo se tornasse produtor de conteúdo, desafiando o papel dos veículos tradicionais como únicos formadores de opinião. De fato, é possível ver hoje em dia influenciadores digitais com mais poder de alcance do que grandes veículos de comunicação, criando uma nova dinâmica na distribuição da informação.
Com isso, a nova mídia tem a capacidade de ser mais rápida, mais personalizada e, muitas vezes, mais acessível. Mas, ao mesmo tempo, carece de um controle editorial e de uma curadoria rigorosa, o que pode resultar em uma desinformação mais ágil e abrangente. Aqui entra a importância do papel crítico e da educação midiática. O público, mais do que nunca, precisa ser orientado a distinguir entre a informação legítima e as chamadas fake news, que circulam facilmente nas plataformas digitais. Não é apenas uma questão de oferecer mais fontes de informação, mas de ensinar como navegar nesse mar de dados, algo que a mídia tradicional, com sua credibilidade, sempre soube fazer de forma mais estruturada.
No entanto, é importante observar que a nova mídia não está, e nem deveria estar, em oposição direta à mídia tradicional. Em vez disso, há uma complementaridade que se estabelece. A convergência entre os dois mundos cria um ecossistema mais dinâmico, onde cada um ocupa seu papel. Enquanto a nova mídia proporciona velocidade e interação direta com o público, a mídia tradicional se mantém como um pilar de confiabilidade e profundidade nas análises.
Acredito que o futuro da comunicação não será dominado exclusivamente por um ou outro modelo, mas pela capacidade de integrar as melhores qualidades de ambos. A grande lição que devemos aprender é que a responsabilidade na produção e consumo de conteúdo é uma competência que deve ser desenvolvida por todos, e não só pelos profissionais da área.
A nova mídia trouxe um horizonte vasto de possibilidades, mas também impõe novos desafios que, como comunicadores, temos a obrigação de enfrentar com ética, discernimento e, claro, com o conhecimento adquirido ao longo da jornada.