Em 2024, o Brasil registrou 105 mortes de pessoas trans, uma redução de 14 casos em comparação com 2023. No entanto, o país permanece, pelo 17º ano consecutivo, como o líder mundial em homicídios desse grupo. Os dados são do “Dossiê: Registro Nacional de Mortes de Pessoas Trans no Brasil em 2024”, publicado pela Rede Trans Brasil.
A maior parte dos homicídios ocorreu na Região Nordeste, que representa 38% dos casos e continua sendo a área com o maior número de mortes de pessoas trans desde 2022. Em segundo lugar, aparece a Região Sudeste, com 33% dos assassinatos, seguida pelas regiões Centro-Oeste (12,6%), Norte (9,7%) e Sul (4,9%).
Apesar da queda no número de mortes em relação ao ano anterior, a secretária adjunta de Comunicação da Rede Trans Brasil, Isabella Santorinne, alerta: “Essa diminuição é um pequeno alívio, mas não podemos ignorar que as mortes ainda acontecem. Isso reflete um processo de mudança no Brasil que é lento e desigual. Embora haja avanços em visibilidade e debates públicos, a violência e o preconceito ainda são uma realidade para muitas pessoas trans. A luta está longe de acabar”.
A maioria das mortes registradas no Brasil envolve mulheres trans ou travestis, que representam 93,3% das vítimas. Os outros 6,7% das vítimas são homens trans. A maior parte das vítimas tinha entre 26 e 35 anos (36,8%), era parda (36,5%) ou preta (26%) e exercia a profissão de trabalhadora sexual.
O levantamento também indica que 66% dos casos ainda estavam sendo investigados, enquanto 34% resultaram em prisão de suspeitos. Nos casos com registros, os agressores foram companheiros ou ex-companheiros em 14 casos, clientes em nove, e nove homicídios envolveram execuções ligadas a dívidas com agiotas, tráfico de drogas ou organizações criminosas.