
Uma lápide situada em uma capelinha azul no Cemitério do Araçá, em São Paulo, presta uma homenagem carinhosa a Eunice Paiva: “Exemplo para a família e para a democracia brasileira”. Nesse mesmo local, entre várias capelinhas de famílias italianas, repousa a advogada e um ícone da luta contra a ditadura militar e pelos direitos humanos, Maria Lucrécia Eunice Facciolla Paiva (1929-2018).
Sua história ganhou ainda mais notoriedade depois que a atriz Fernanda Torres a interpretou no filme Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles. O filme, que foi indicado ao Oscar deste ano nas categorias de melhor filme, melhor filme estrangeiro e melhor atriz, é baseado no livro homônimo escrito por Marcelo Rubens Paiva. No livro, o autor narra a luta de sua mãe após o desaparecimento do pai, o deputado Rubens Paiva, que foi levado por policiais em 1971, durante a ditadura, e cujo corpo nunca foi encontrado.
O sucesso do filme gerou um crescente interesse pela vida de Eunice e pelo local de seu sepultamento, especialmente após Fernanda Torres, vencedora do Globo de Ouro pela interpretação de Eunice, visitar o cemitério.

“Há um ano, se encerravam as filmagens de Ainda Estou Aqui e fui sozinha agradecer a essa grande brasileira pela honra de tê-la interpretado no cinema. Obrigada, Eunice”, escreveu a atriz em novembro do ano passado, compartilhando uma foto ao lado da lápide em seu Instagram.
Visitas
Desde então, as visitas guiadas ao Cemitério do Araçá – que agora incluem uma parada no túmulo de Eunice Paiva – têm atraído centenas de visitantes. O passeio é organizado pelo projeto de necroturismo O Que Te Assombra?, que já realizava visitas gratuitas a cemitérios e túmulos de personalidades históricas em todo o estado de São Paulo. A próxima visita guiada, por exemplo, está agendada para a manhã de 16 de fevereiro.
“O Que Te Assombra? é um projeto que idealizei para contar histórias de assombrações. Ele é fortemente inspirado no livro Assombrações do Recife Velho, de Gilberto Freire, que faz uma interessante conexão entre o crescimento social e urbano da cidade do Recife e as histórias de assombração”, explicou o pesquisador e advogado Thiago de Souza.