A festa junina é o evento mais citado entre os moradores das capitais brasileiras que afirmaram ter participado de alguma festa popular no período de um ano, de acordo com o levantamento Cultura nas Capitais.
A pesquisa foi conduzida pela JLeiva Cultura & Esporte, com patrocínio do Itaú e do Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Rouanet.
O estudo sobre os hábitos culturais dos brasileiros revelou que 78% dos participantes de eventos populares nas capitais frequentaram festas juninas nos 12 meses anteriores à pesquisa, enquanto 48% participaram de desfiles ou blocos de carnaval.
“Em nenhuma capital, o carnaval superou a festa junina nesse quesito. Em Recife, a diferença foi pequena – festa junina com 74% e carnaval com 71%. Nas outras capitais, a diferença ultrapassou os 10 pontos percentuais”, explicou João Leiva, diretor da JLeiva Cultura & Esporte.
Em entrevista à Agência Brasil, Leiva sugeriu que a popularidade das festas juninas pode ser explicada pelo fato de serem mais descentralizadas que o carnaval, sendo realizadas em locais como escolas e igrejas católicas, e atraírem um público mais amplo e diversificado. Além disso, essas festas se estendem por um período maior ao longo do ano.
Perfil
De maneira geral, as pessoas que mais participam de atividades culturais no Brasil são brancas, jovens, com maior nível educacional e melhor condição econômica. “O acesso à cultura reflete os padrões de exclusão socioeconômica do país. Aqueles que mais frequentam eventos culturais são, geralmente, indivíduos com maior escolaridade, maior renda e que pertencem ao grupo etário jovem ou de meia idade, até os 45 anos. Esses indivíduos, em sua maioria, vivem nos bairros mais ricos das cidades”, explicou Leiva.
A participação em atividades culturais é quase igual entre homens e mulheres. No entanto, as mulheres demonstram maior interesse em participar, embora enfrentem mais obstáculos para transformar esse desejo em acesso efetivo. As donas de casa, por exemplo, representam o grupo com menor acesso a atividades culturais.
Os idosos, por sua vez, são a maior parcela de excluídos culturalmente. A maioria deles relatou não ter participado de nenhuma atividade cultural nos últimos 12 meses, e eles constituem a faixa etária que mais declarou nunca ter participado de eventos culturais.
O estudo aponta que isso pode ser atribuído ao fato de que as gerações mais velhas tiveram menos acesso à educação no passado. Como a educação é um fator essencial para o acesso à renda e à variedade de atividades culturais, essas pessoas cresceram com menor interesse e familiaridade com a cultura. Leiva também destacou que a distância das áreas onde há maior oferta de equipamentos culturais é um outro fator que contribui para essa exclusão dos idosos.