Ativistas protestam contra general acusado da morte de Rubens Paiva

Manifestação foi nesta segunda-feira, 24, em frente à residência do militar
Ativistas protestam contra general acusado da morte de Rubens Paiva. Saiba mais / Foto: Reprodução

Ativistas da organização Levante Popular da Juventude realizaram um protesto, em frente à casa do general reformado do Exército José Antônio Nogueira Belham, na zona sul do Rio de Janeiro. Belham comandou o Destacamento de Operações de Informações/Centro de Operações de Defesa Interna do Exército (DOI-Codi), um dos principais órgãos de repressão da ditadura militar, de 1970 a 1971, período em que o ex-deputado federal Rubens Paiva foi morto dentro da unidade.

Os manifestantes pintaram a frase “Ainda estamos aqui” no asfalto, em referência ao filme que narra a história da família Paiva, e levantaram cartazes com fotos de Rubens Paiva e de outras vítimas do regime militar, como a líder da União Nacional dos Estudantes (UNE) Helenira Resende, o presidente da Federação dos Estudantes da Universidade de Brasília, Honestino Guimarães, e o estudante secundarista Edson Luís.

O Levante Popular da Juventude explicou que o “escracho” contra Belham visa aproveitar a visibilidade do filme para pressionar pela revisão da Lei da Anistia, excluindo crimes como ocultação de cadáver e desaparecimento forçado. Além disso, os ativistas pedem a expulsão dos militares torturadores das Forças Armadas e a perda dos benefícios da carreira militar.

“Não esqueceremos, não descansaremos, até que haja justiça para Rubens Paiva e para todos que morreram lutando por democracia, aqueles que foram de aço nos tempos de chumbo. Somente com justiça poderemos construir uma sociedade efetivamente democrática e superar, sem esquecimento e sem perdão, um dos períodos mais sombrios da nossa história”, afirmou o Levante Popular da Juventude em um comunicado nas redes sociais.

Em 2014, a Comissão da Verdade concluiu que o general Belham foi responsável pela morte de Rubens Paiva, com base em provas documentais e depoimentos de ex-agentes da repressão. Em seu depoimento à comissão, Belham afirmou desconhecer as torturas sofridas por Paiva e alegou estar de férias na época de sua morte. A comissão refutou seu depoimento, contrariando as evidências coletadas.

Após o depoimento, Belham foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF), junto com outros quatro militares, pela morte de Rubens Paiva. O processo foi arquivado com base na Lei da Anistia, mas será reavaliado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Atualmente, apenas dois dos acusados estão vivos: o general Belham e o major reformado Jacy Ochsendorf e Souza.

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