Thunderbolts* não consegue escapar do fardo do Universo Marvel

Mesmo com um elenco de peso, novo filme expõe a fragilidade da franquia
Estreia do novo filme da Marvel revela sinais de desgaste / Foto: Disney

O Universo Marvel já finalizou sua Fase 5 — e, para ser sincero, deixei de acompanhar faz tempo. Os filmes parecem ter se transformado em produtos de linha de montagem, replicados por outros blockbusters que adotaram aquela estética típica dos Irmãos Russo: cenários dessaturados, piadas inseridas sem muito timing e cenas de ação tremidas, cheias de CGI. Essa fórmula já soa repetitiva há pelo menos uma década.

Thunderbolts*, no caso, apresenta um novo grupo de anti-heróis formado por Yelena Belova, Soldado Invernal, Agente Americano, Guardião Vermelho, Treinadora e Fantasma. A Marvel Studios, junto a uma equipe de veteranos do cinema independente que “se venderam”, traz uma equipe irreverente: a assassina deprimida Yelena Belova (Florence Pugh) e o grupo de desajustados menos lembrado do MCU.

Quando o filme começou a ser promovido com uma estética próxima ao estilo A24, achei suspeito. Parecia uma tentativa de se apropriar de um zeitgeist da cultura pop para se vender como “diferente” em meio a um mar de produções similares da empresa. No entanto, o longa até traz ideias interessantes, abordando temas como trauma, depressão e saúde mental.

Em filmes anteriores, havia uma aura de autorreferência, com piadas que criticam o estado do MCU – Deadpool & Wolverine, por exemplo, faz isso bastante. Porém, o humor cínico e autoconsciente sempre me irritou por nunca soar sincero. Em Thunderbolts*, é diferente: talvez seja um dos filmes mais genuínos da Marvel nos últimos anos. Os criadores têm consciência da saturação do gênero e demonstram isso em várias cenas, mostrando que sabem que estão tentando recriar os momentos que trouxeram glória à empresa no passado, como os primeiros filmes dos Vingadores.

É inteligente como, mesmo carregando esse fardo, o filme se mantém menor dentro do escopo gigantesco em que precisa se encaixar. Funciona como um episódio de Super Amigos sobre saúde mental, com uma terapia grupal entre os personagens – onde seus grandes traumas, além de suas histórias individuais, são reflexos de eventos passados do MCU.

É triste, porém, que ele ainda precise carregar o universo nas costas. Kevin Feige, o verdadeiro maestro desse gigante, força uma grandiloquência dentro de um projeto que claramente não queria isso. O terceiro ato, com seu clímax apocalíptico, transforma a jornada pessoal dos personagens em mais um espetáculo genérico do estúdio – e, claro, em um trailer para o próximo grande evento: Quarteto Fantástico.

No fim, Thunderbolts* é um filme que existe e não existe ao mesmo tempo. Ele está lá, mas sua função é apenas captar sua atenção para o próximo. Não deixa a obra respirar, nem permite que seus temas se fixem na mente do espectador. O que importa é que, daqui a pouco, tem mais um filme vindo, iniciando a Fase 6 desse universo. Nada vive o presente.

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