O reggae enquanto manifestação cultural, artística e política

Texto de Noelle Siebra, psicóloga, apaixonada por cinema, música e cultura urbana
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Pra quem tá com vontade de aprender a dançar e ocupar os espaços de cultura reggeira na cidade, seguem abaixo alguns perfis para ficarem ligados / Foto: Divulgação

A existência do reggae é indissociável da vida política. É um chamado para despertar, um impulso revolucionário sentido no corpo e nas ideias. Muito além de um estilo musical, o reggae é um movimento cultural e político, que produz sentidos de pertencimento, de luta e denúncia dos problemas oriundos da desigualdade social, como a falta de moradia, violência cotidiana e pobreza. É um canto de protesto, mas traz a esperança, que é possível com a luta.

Surgido em 1960, na Jamaica, o reggae foi, e ainda é, fortemente influenciado pelo movimento religioso e social rastafari. De perspectiva pan-africana, o movimento tem como filosofia a valorização da música e da linguagem como instrumento de combate à desigualdade racial e de classe, e às imposições culturais da colônia britânica. Acreditam na condução por Jah (divindade) a um lugar perfeito, conhecido como Zion, o paraíso dos rastas. Em contrapartida, as opressões e a realidade capitalista são referenciadas como a Babilônia.

O reggae tem suas influências no R&B americano, no ska, no rocksteady, no jazz e  ritmos tradicionais africanos e caribenhos (como o mento e o calipso). O reggae da primeira década é chamado de roots (reggae “raiz”), em que as músicas abordam com mais ênfase as questões sociais e espirituais.

A partir da década de 70, surge o dancehall, que mescla elementos da música eletrônica, e o lovers rock, com aspecto mais romântico nas letras e ritmo, com a clássica batida do reggae, e técnicas vocais usadas na música soul norte americana. Já no outro estilo, o dub, há destaque nos instrumentos principais (baixo, bateria e guitarra), limando boa parte dos vocais. Adiciona também efeitos sonoros como sirenes, sons de animais e tiros.

Nos anos 1980, Gilberto Gil foi o pioneiro do reggae no Brasil, tendo até feito uma turnê com Jimmy Cliff. Em 1990, surgiram grandes nomes como Edson Gomes, na Bahia, grupos como Cidade Negra, no Rio e Tribo de Jah, no Maranhão. A musicalidade do reggae sempre esteve inseparável da dança.

No Nordeste, principalmente na capital maranhense, considerada a “capital nacional do reggae”, o reggae agarradinho ganhou projeto para virar Patrimônio Imaterial, e mescla o gingado do bolero e outros ritmos caribenhos comuns na região, como o merengue e a salsa. Com o tempo, o agarradinho foi tomando forma e adquirindo suas próprias características, combinando emoção, sensualidade e amor.

No Ceará, o agarradinho é adaptado para o a dois, com alguns traços do forró. Além do reggae dançado coladinho, na troca direta e pele a pele, outro estilo que domina a cena do reggae em Fortaleza é o passinho. O estilo de dança foi criado em 2012 pelo cearense DJ Tandinho, mesclando o break dance com passos tradicionais do reggae, com fortes influências do dancehall.

Na Capital, atualmente há dois coletivos de reggae do passinho: o grupo OSS Passinho e o Debocha Reggeiro. Os coletivos, juntamente com o projeto EducaReggae, têm como principal objetivo disseminar a cultura do reggae. Tais coletivos e projetos têm muita influência no crescimento do movimento nos últimos anos, com aulões de “a dois” e passinho em diversos espaços da cidade.

Pra quem tá com vontade de aprender a dançar e ocupar os espaços de cultura reggeira na cidade, seguem alguns perfis para ficarem ligados em bailes, eventos e aulas por Fortaleza.

@educareggae
@debochareggueiro
@reggaedonorth
@comeinnadidance_

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