
Duna: Parte 2, indicado ao Oscar de Melhor Filme, acerta em cheio no primeiro ato. Nos primeiros 30 a 40 minutos, o filme já te coloca no centro da ação, ao contrário do primeiro, que demorava a decolar devido à sua abordagem excessivamente prolixa. Esta segunda parte é mais objetiva, sem rodeios ou interrupções, trazendo o foco direto para o conflito – e a guerra é iminente. O ritmo acelerado logo te põe na ponta da cadeira, e, ao contrário do filme anterior, que se arrastava durante o desenvolvimento, aqui não há tempo a perder. As peças no tabuleiro estão posicionadas, e o jogo começa a ser jogado.
A narrativa não só entrega romance, aventura e tensão, mas também remete às grandes fantasias da história do cinema, como O Senhor dos Anéis. O elenco, consequentemente, faz a diferença, com destaque para Javier Bardem e Zendaya, que, no primeiro filme, pouco puderam mostrar. Aqui, ambos abraçam seus papéis de maneira impactante, revelando facetas inéditas de seus personagens.
Austin Butler também brilha como vilão, e é interessante como, diante da imensidão do universo de Duna, todos os outros personagens parecem menores, com exceção do seu antagonista, que cresce a cada aparição. Ele desafia não apenas os heróis e aliados, mas também a própria lógica de Duna – e, por consequência, o público. É uma pena que ele apareça tão pouco.

Entretanto, nem tudo é perfeito. Duna: Parte 2 peca no excesso de exposição. Os diálogos são longos e, frequentemente, repetem o que já sabemos. Os personagens falam o tempo inteiro sobre o que irão fazer, o que diminui a intensidade da experiência e retira a curiosidade do espectador. O filme se apega a explicações desnecessárias e não deixa espaço para surpresas, o que torna a narrativa redundante e enfadonha.
Outro ponto negativo é a abordagem superficial de temas como fanatismo religioso, terrorismo e guerra. O filme, apesar de tratar de assuntos contemporâneos, nunca se aprofunda de fato. A violência, que seria essencial para transmitir a gravidade dessas questões, é praticamente inexistente.
Dessa forma, o diretor, Denis Villeneuve, em sua obsessão pela censura para a faixa etária de 12 anos, evita qualquer impacto real nas cenas de batalha, tirando a gravidade do que poderia ser um momento de choque. A câmera é estilosa, mas falta profundidade emocional. A linguagem visual é rica, mas o filme falha em nos fazer sentir o peso de sua temática.
Em resumo, Duna: Parte 2 precisaria de menos exibicionismo e de um diretor disposto a ir além da estética. A história exige mais coragem e uma abordagem mais ousada para enfrentar seus temas de maneira verdadeiramente impactante. Villeneuve, infelizmente, não é o cara certo para retirar emoções de quem o assiste.
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